Origem, história e títulos
- João de Andrade Neto

- 20 de jan. de 2021
- 3 min de leitura
Atualizado: 22 de jan. de 2021
Em seus primórdios, o futebol pernambucano era dominado por duas forças: Sport e América. Após o título do primeiro estadual da história, conquistado pelo Flamengo, em 1915, rubro-negros e alviverdes se revezaram nas conquistas, com o Leão levantando seis taças e o Periquito, quatro. Até que uma terceira força surgiu. Nada de Náutico ou Santa Cruz. Antes que alvirrubros e tricolores começassem a também escrever seus nomes no hall dos campeões, o Torre Sport Club desafiou a hegemonia então imposta e se colocou como um dos grandes clubes de Pernambuco.

Fundado no dia 13 de maio de 1909, por funcionários do Cotonifício Torre Ltda, uma manufatura de tecidos de algodão, o clube realizou seus primeiros jogos contra times amadores do mesmo bairro, já com os primeiros registros aparecendo nos jornais da época no ano seguinte. Em 1915, ao lado do Centro Sportivo Peres, do Sport Club Flamengo, do João de Barros Football Club (atual América), da Colligação Sportiva Recifense e do Santa Cruz, ajudou a criar a Liga Sportiva Pernambucana, atual Federação Pernambucana de Futebol, que organiza o primeiro campeonato já no mesmo ano. Já mostrando força, o Torre termina a competição na terceira colocação.
Sendo abraçado por figuras ilustres da sociedade pernambucana da época e por políticos influentes, o clube vai se consolidando entre as principais forças do futebol local, figurando entre terceiro e segundo colocado em seis dos dez campeonatos seguintes. Nesse época passa a ser conhecido como “Madeira Rubra”, em referência ao seu uniforme vermelho. O apelido foi dado pelo Jornal Pequeno e aparece pela primeira vez em 1923, antes de uma partida contra o Flamengo, pelo Campeonato Pernambucano daquele ano.
Após rondar o título, o Torre se sagra campeão pela primeira vez em 1926, em um campeonato marcado pela briga de Sport e América com a Liga Sportiva Pernambucana. Os dois clubes, que chegaram a criar um campeonato próprio, só entraram na competição apenas no segundo turno e já sem chances de título.
Nas duas edições seguintes do Pernambucano, o Madeira Rubra terminou como vice campeão, comprovando sua força. E voltaria a levantar a taça já em 1929. E com um gosto especial. Repetindo os feitos obtidos até então apenas pelo Flamengo, em 1915 e pelo Sport, em 1917, o título veio de forma invicta.
Porém, mais uma vez, a edição do estadual foi conturbada, com vários jogos não sendo concluídos ou sequer acontecendo por motivos diversos. Desde as péssimas condições dos gramados, falta de iluminação ou mesmo protestos contra os árbitros. “Se há confusão, o Torre é campeão”, diziam os adversários, em tom de provocação.
Algo que não deixou de ser comprovado na edição seguinte do estadual, quando o time da “camisa sanguínea” levantou sua última taça. Por conta da Revolução de 1930, que impediu a posse do presidente eleito Júlio Prestes e levou Getúlio Vargas ao poder, o Campeonato Pernambucano foi encerrado quando ainda restavam 20 jogos a serem realizados. No dia 12 de dezembro, após assembleia na Liga Pernambucana de Desportos Terrestres, os filiados decidiram encerrar a competição e dar o título ao Torre, que liderava a competição quando ele havia sido interrompida, em setembro. Foi a única vez na história que o Campeonato Pernambucano não chegou ao seu final.
Porém, o título de 1930 foi também o último suspiro de sucesso do Torre Sport Club. Já no ano seguinte, a equipe terminou na quarta colocação. E com o advento do profissionalismo, movimento ao qual o clube não aderiu, o Madeira Rubra foi perdendo cada vez mais forças até pedir licença em 1936.
Durante esse período de queda, se chegou a especular uma junção do Torre com outros clubes, como o Encruzilhada, algo rejeitado com força pelos antigos dirigentes do Madeira Rubra. “O Torre será sempre Torre”, afirmou os diretores Caetano Câmara e Antônio Almeida, ao Jornal Pequeno em 1933.
Com a ajuda de pessoas influentes, como o futuro deputado federal e ministro da agricultura José da Costa Porto, seu último presidente, o Torre ainda ensaiou um retorno três anos depois, ao retornar e conquistar o título da Série Branca de 1939 (uma espécie de segunda divisão da época).
Porém, na volta ao convívio entre os grandes, muitos com atletas já profissionais, voltou a sucumbir, terminando na penúltima posição do certame. Sem forças e com suas lideranças cada vez mais distantes, voltou a se ausentar a partir do Campeonato Pernambucano de 1941, e encerrou suas atividades de forma definitiva no ano seguinte.








Comentários